terça-feira, 15 de novembro de 2011

Centenário - A História do Lusitano Ginásio Clube


AS ORIGENS
Sob o lema “Fazer Forte Fraca Gente”, o Lusitano foi fundado no dia 11/11/1911, uma curiosidade avivada pelo facto de ter tido a sua primeira sede na Trav. da Bola, n.º 11…
O futebol terá chegado a Évora pela mão de um estudante de Lisboa, de seu nome Miranda e, em 1909, já se jogava com regularidade na Casa Pia.
A fundação do clube nasceu da iniciativa de um grupo de jovens do Liceu e da Escola Comercial, que se reunia no adro da Igreja da Graça e que resolveu avançar com a ideia em reunião realizada na residência do Prof. Dâmaso Simões, à R. das Fontes, 3.
A sessão juntou os irmãos Morais, do Redondo, todos elementos do grupo fundador, Domingos, Venâncio e Rogério e ainda Adriano Sales, João Ribeiro, José Ribeiro, José Silva, Manuel Fernandes, Manuel Marçal, Manuel Morais e Augusto Melo.
O clube foi criado com a designação de Lusitano Académico, opção a que não foi estranha a proveniência dos fundadores, passando depois para Lusitano Futebol Clube. Só mais tarde, no dia 04/09/1925, seria aprovada, em AG realizada na Esplanada Éden Teatro, a alteração para a actual designação, Lusitano Ginásio Clube, muito em função do protagonismo que estava reservado à prática da ginástica.
A primeira Direcção foi presidida por Domingos Morais, conhecido na gíria por Besnica, e integrou os seus dois irmãos, Venâncio e Rogério.
O primeiro presidente foi também o primeiro treinador da equipa de futebol.
Os primeiros jogos ocorreram no L.º dos Colegiais e no Rossio de S. Braz e serviram para promover a modalidade e consolidar o espírito de grupo e a ideia de clube.
Mais tarde, o LGC passou a ter como adversários o V. Académico, os Empregados do Comércio, o Sporting e Alentejo, o Ateneu e os Eborenses.


EVOLUÇÃO DO FUTEBOL E PRIMEIRAS VITÓRIAS
Em 1917/18 o Lusitano conquistou o primeiro campeonato de Évora. Oito anos mais tarde (1926/27), conquistaria o primeiro de muitos campeonatos distritais.
O ano de 1925 revelou-se decisivo para o futuro do clube. Por iniciativa de dirigentes históricos como José Benchimol, Napoleão Palma, Alberto da Conceição e António Prazeres, o clube foi reestruturado, as instalações repensadas e a sua acção alargada a outras modalidades, com realce para a ginástica que viria a atingir grande projecção. O Lusitano passava a apostar num conceito de formação integral, envolvendo o homem e o atleta, desígnio que ficaria como marca distintiva de todos quantos passaram pelas suas formações ao longo dos anos.
Entre 1929/30 e 1933/34 competiu no Campeonato de Portugal, sem registar resultados dignos de relevo. Obteve a sua melhor classificação em 1930/31, atingindo os ¼ de final frente ao Salgueiros.
Em 1931 a direcção adquiriu o mítico Campo Estrela por 30 mil escudos. Nele jogou a principal equipa até 2006, data da inauguração do novo Complexo da Silveirinha.
No dia 6 de Novembro de 1932, o Lusitano bateu o Benfica por 4-1, em Évora, em jogo de carácter particular.
Entre 1934/35 e 1937/38 o clube foi um dos precursores do Campeonato da Liga da II.ª Divisão. Por essa altura, 1938, a dívida acumulada era de 78 contos…
Na época 1938/39 o Campeonato de Portugal passou a designar-se por Taça de Portugal (TP) e foi criado o CN da II.ª Divisão.


CAMPEÃO NACIONAL DA II.ª DIVISÃO EM 1951/52
Das primeiras décadas ficaram alguns nomes que ainda hoje fazem parte do imaginário do futebol do clube, a saber: Cândido Tavares, Ricardo Oliveira, Alexandre de Brito, Serrano, Fernando Valério e Nóia, entre outros.
Em 1951/52 o Lusitano sagrou-se Campeão Nacional da II.ª Div., após vencer a fase final da prova disputada com V. de Setúbal, Torriense e U. de Coimbra. Foi um momento sublime no historial do clube.
O último jogo, arbitrado por A. Calheiros, teve lugar no Campo Estrela a 01/06/1952 e terminou com um 0-0 entre eborenses e sadinos. O LGC fez alinhar: Vital; Eduardo e Soeiro; Madeira, Valle e Paulo; Pepe, Di Paola, Teixeira da Silva, Duarte e Domingo.
A entrada do clube na divisão maior do futebol português foi comemorada por toda a cidade. A famosa Praça do Geraldo acolheu um sem número de manifestações de júbilo.
Cerca de 800 pessoas, utilizando 200 viaturas, participaram na festa comemorativa realizada na Herdade do Vale de Moura. Os dirigentes Bento Caldas, Alberto Câmara Manoel, João Vaz Freire, Américo Simões e seus pares atingiam uma meta há muito ambicionada: Évora entrava no principal roteiro do futebol português.
O treinador vencedor, Anselmo Pisa, congratulou-se com o comportamento dos jogadores e com o apoio da direcção e dedicou a vitória a Joaquim Câmara Manoel, antigo presidente, que iniciara funções em 1938, entretanto falecido, e figura ímpar da colectividade.
“A entrada do Lusitano na I.ª Divisão reveste-se de excepcional interesse para o velho burgo alentejano”, disse o Governador Civil, Félix de Mira, ao jornal A Bola.
No dia 28/09/1952 Vital, Soeiro, Paixão, Madeira, Valle, Paulo, Flora, Di Paola, Patalino, Batalha e Duarte estreavam-se na prova.
Ainda em 1952 foi aprovado o Estatuto do Jogador, da autoria de Salvador de Abreu. O documento continha os direitos e deveres dos jogadores, definia a política de prémios e fazia a apologia da correcção, da lealdade e do fair play.
Em Évora, as coisas corriam de vento em popa. À 6.ª jornada da primeira época na I.ª Divisão, o Lusitano liderava com 9 pts. em 12 possíveis. As vitórias sobre o Sporting de Carlos Gomes e Travassos por 2-0 (golos de Teixeira da Silva e Batalha) e de 3-0 sobre o Porto de Américo e Pedroto (Batalha, Duarte e Pepe) eram pontos altos da estreia.
Francisco Silva, vice-presidente, projectava o futuro em entrevista ao jornal A Bola: “Évora tem 30.000 habitantes e creio que nos pode garantir, pelo menos, 5.000 associados”…
Também na TP o clube surpreendia, ao eliminar o Sporting nos ¼ de final (2-2 e falta de comparência), o que lhe valeu a presença nas meias-finais.
Dirigido agora por Félix de Mira, bem acompanhado por João Vaz Freire, Ferrer Grave, Murteira Grave, Francisco Barahona, Francisco Murteira, A. Câmara Manoel, Serafim Silveira e Mário da Costa, entre outros, o LGC consolidava a sua posição no futebol.
O empate registado em 1953/54, em Évora, diante do Sporting de Carlos Gomes, Juca, Vasques e Travassos por 3-3 (José Pedro, Duarte e Patalino) e a vitória frente ao Porto por 2-0 (Batalha e Flora), encorajavam dirigentes e adeptos.
Na época de 1954/55, já sob o comando de Cândido Tavares, o clube ficou em 10.º lugar no Campeonato, tendo vencido o Sporting por 2-1, com golos de Caraça. Também o Porto de Barrigana, Hernâni e Pedroto viria a baquear no Campo Estrela por 2-1 com golos de Patalino e Barbosa. “O Porto marcou ontem o seu primeiro golo em Évora – mas não fugiu à derrota…” – titulava a edição de A Bola.Na TP, vitórias por 2-1 diante do V. de Guimarães e 2-0 frente ao Porto.
Em 1955/56, o LGC ficou-se pelo 8.º lugar. A equipa passou a ser treinada por Severiano Correia e a condução do futebol estava entregue aos dirigentes Américo Simões, Capoulas Júnior e Serafim Silveira. Da equipa base faziam parte Vital, Polido, Paixão, José da Costa, Falé, Vicente, Batalha, Vieira, Patalino, Caraça e José Pedro.
Caraça (10) e José Pedro (5) foram os marcadores de serviço. Realce especial para os empates 1-1 diante do Sporting, em Évora (golo de Caraça), num jogo em que foi estreado o novo relvado do Campo Estrela, e na Luz, frente ao Benfica (golo de José Pedro).



O 5.º LUGAR NO “NACIONAL” DA I.ª DIVISÃO EM 1956/57
Na temporada 1956/57, orientado por Otto Bumbel, o clube obteve o seu melhor desempenho na prova maior do futebol português, atingindo um excepcional 5.º lugar que hoje daria acesso à Liga Europa…
Venceu 13 dos 26 jogos disputados e averbou resultados notáveis no decorrer da competição: vitórias em Évora por 3-2-frente ao Porto (hat-trick de Flora) e por 2-1 diante do Sporting e empates 1-1 em Alvalade e 2-2 na Luz (Batalha).
Na época de 1957/58, já com Lorenzo Ausina no comando técnico, registo para a contundente vitória diante do Benfica de Bastos, Artur, Ângelo, Cavém e Coluna, por 4-0, em jogo da 8.ª jornada, disputado no Campo Estrela no dia 27/10/1957. Batalha, Flora, Marciano e José Pedro foram os marcadores de serviço. Foi um resultado histórico, uma vez que, ao longo de 14 anos e 28 jogos com o Benfica para o campeonato, ficou como a única vitória dos lusitanistas sobre o então campeão. Registo, ainda, para o 1-1 diante do Sporting.
Em 1958/59, no que respeita ao campeonato, nota alta para os empates 0-0 e 3-3 conseguidos no Campo Estrela, diante de Benfica e Sporting, respectivamente. A formação verde e branca regressou, entretanto, às meias-finais da TP, eliminando Oliveirense, Torriense e Marítimo.
No que respeita à época de 1959/60, no jogo disputado, na Luz, frente ao Benfica (5-3), o Lusitano apontou três golos, da autoria de Ivson, Manuel Jorge e Fialho. Em Évora, empataria com o Sporting por 2-2.
Em 1960/61 pior classificação de sempre até então, 11.º lugar com 21 pontos, sem resultados significativos frente aos grandes.
Otto Bumbel substituiu Buchelli em 61/62, mas no campeonato a equipa confirmava a linha descendente (12.º lugar com 20 pts). Realce, em todo o caso, para mais uma vitória diante do Sporting, nos oitavos de final da TP, por 4-1…
Já sob o comando de Josef Fabian, em 1962/63 o Lusitano obteve um honroso 7.º lugar com 23 pontos. Na festa da Taça alcançou a maior vitória de sempre em jogos de carácter oficial, batendo o Portalegrense, na jornada inaugural, em Évora, por 10-0.
Em 1963/64 Janos Hrotko foi substituído por Miguel Bertral. O clube voltaria a sentir dificuldades, regressando a um modesto 11.º lugar com 14 pts, com registo de um empate a uma bola com o Sporting, no Campo Estrela. Regresso à ribalta só nos ¼ de final da TP, após eliminação do Oriental e do Atlético, dois históricos da capital.
Bertral manteve-se como treinador na época seguinte (64/65), merecendo destaque os empates obtidos em Évora, diante do Benfica (0-0) e do Sporting (1-1). O onze base era o seguinte: Vital; Teotónio, Falé, Abegoaria e Paixão; Cordeiro e Mitó; Morais, José Maria, Vaz e José Pedro. Com 9 golos, José Maria foi o melhor marcador, seguido por José Pedro (8).
Finalmente, a época de 1965/66 seria de má memória para o clube e para todos os seus adeptos. O Lusitano despedia-se da I.ª Divisão, acompanhado pelo Barreirense, no 13.º lugar, com apenas 14 pts, perdendo 16 dos 26 jogos disputados. De realçar apenas o empate 0-0 frente ao Porto, no jogo em casa.
Chegavam ao fim 14 épocas consecutivas em que Évora esteve no centro das grandes decisões do futebol nacional, mobilizando multidões sempre que as grandes equipas e, em especial, o Benfica, se deslocavam à cidade-museu. As estradas engalanavam-se, todos os caminhos convergiam para o Campo Estrela e a romaria era indescritível.
Refira-se que foi nesse período áureo para o desporto português que o Sporting venceu a Taça das Taças (1964), que o Benfica atingiu o seu apogeu na Europa com a dupla vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus (1960/61 e 1961/62) e que a selecção nacional alcançou a sua melhor classificação de sempre num Mundial de futebol (3.º lugar em 1966).
Pelo Campo Estrela passaram jogadores como Carlos Gomes, Travassos, Hernâni, Costa Pereira, Germano, José Augusto, Coluna (o monstro sagrado), Simões, José Águas, José Torres, Matateu (a oitava maravilha), Eusébio (o célebre pantera negra), Vicente Lucas, Hilário da Conceição…
Por altura da revolução do 25 de Abril de 1974, o Lusitano disputava o CN da II.ª Div./Sul, obtendo um óptimo 6.º lugar entre 20 concorrentes, com 17 vitórias em 38 jogos.
Em 1982/83, o clube atingiu mesmo o 2.º lugar no CN da II.ª Div./Sul, conduzido por uma das suas maiores glórias, o antigo guarda-redes Vital, tendo ficado a um passo de regressar ao convívio dos grandes do futebol português. Foi o último grande momento do futebol do Lusitano que, paulatinamente, sairia de cena.
No início do novo milénio (2000/01), o clube disputava a II.ª Div. B/Sul. A equipa era treinada pelo Prof. Luis Perdigão e integrava, entre outros elementos, Sardinha, José Rui, Alexandre, Teixeira, Robson, Zé Eduardo, João de Deus, Cao, Nelson, Quicas, Samora, Yuri, Waldo e Paulo Sousa.
A curva descendente era já irreversível.



 PRINCIPAIS REFERÊNCIAS DO FUTEBOL DO CLUBE
Nos catorze anos de presença primodivisionária vestiram de verde e branco jogadores como Vital, Martelo, Antonino, Soeiro, Polido, Falé, Paixão, Adelino, Cordeiro, José da Costa, Vicente, Batalha, Vieira, Patalino, Di Paola, Soza, Caraça, Duarte, José Pedro, Madeira, Teotónio, Paulo, Barbosa, Marciano, Bastos, Teixeira da Silva, Ivson, Manuel Jorge, Longo, Mitó, Mateus, Espanhol, Athos, Pepe, Valle, Coró, Garcia, Flora, Tonho, Vaz, José Maria, Cardona, Fialho e Morais.
Aqui deixamos algumas notas soltas sobre alguns dos rostos mais emblemáticos.
Vital é uma referência incontornável do clube e um dos grandes guarda-redes da história do futebol nacional. Demonstrava uma enorme coragem a sair aos pés dos avançados adversários. Registou uma internacionalização pela Selecção Militar.
“ (…) Acompanhei o Vital, do Lusitano de Évora, que sulcava a relva com o calcanhar pensativo da bota, para marcar o centro da baliza” – recordou o escritor António Lobo Antunes nas suas Crónicas.
Jogou no Lusitano entre 1951/52 e 1965/66. Primava pela agilidade e serenidade. Em 2007 foi agraciado com o Prémio de Mérito na Gala do Futebol Distrital de Évora, numa cerimónia em que o Prof. Luis Perdigão, também antigo treinador do clube e à data técnico do G.U. Sport, recebeu o Galardão de “Melhor Treinador”.
Martelo e Antonino foram substitutos de Vital. Martelo era conhecido pela sua baixa estatura. Foi fustigado por lesões que o impediram de atingir outro patamar competitivo.
Soeiro actuava como lateral direito. Era um jogador experiente, muito duro e enérgico, difícil de ultrapassar e com inegáveis qualidades técnicas.
Polido, defesa direito, foi internacional “B” em quatro ocasiões. Distinguia-se pela forma como se aplicava e pela sua polivalência, sendo utilizado como defesa ou médio com igual eficácia.
Paixão foi, ao longo de anos, uma referência no sector defensivo. Jogava como lateral esquerdo, tinha uma excelente compleição atlética e era categórico nas entradas aos adversários, ganhando normalmente os duelos pelo seu flanco.
De Valle se escreveu que era “um tratado de futebol”, tal a classe que passeava nos relvados. Vindo do S. Lorenzo de Almagro (Argentina), actuava a médio centro e captava as atenções pela qualidade e mestria com que pensava e executava os lances.
Patalino afirmou-se como goleador de reconhecidas credenciais. Transformou-se num caso ímpar de popularidade, só comparável ao de Matateu. Era espontâneo no remate, que executava com grande destreza e com ambos os pés. As suas incursões rumo à baliza contrária eram fulgurantes e fatais para os adversários.
Batalha foi um interior esquerdo de enormes méritos. Primava pela sua combatividade e marcava frequentemente, tornando-se num dos homens golo da equipa.
O argentino Di Paola, que actuava como interior direito, exibia um futebol tecnicamente evoluído, era o cérebro da equipa, com todas as qualidades de liderança para mentor de jogo.
O guineense Marciano actuava a médio direito e era forte no jogo aéreo. A sua melhor exibição foi conseguida num jogo frente ao Bétis.
Pepe foi um extremo direito talentoso, tecnicamente perfeito e muito veloz. Chegou a ser chamado aos treinos da selecção nacional.
José Pedro foi campeão da II.ª Div. em 1951/52 e internacional “A” por duas vezes. Era um extremo rápido e de drible fácil. Participou no IV Portugal – Inglaterra e no II Portugal – Hungria. Registou ainda 4 internacionalizações “B”.
Teixeira da Silva foi um dos mais importantes goleadores do clube. Dava nas vistas pela potência de remate e pela mobilidade que imprimia aos seus movimentos em campo.
Duarte, interior esquerdo, para além de goleador, era um jogador muito rápido e habilidoso.
Florentino Araújo (Flora), actuou como extremo direito. Em 1956/57 marcou três golos ao Porto para o Campeonato na histórica vitória do LGC por 3-2.
Cardona era um ponta de lança de eleição, de nacionalidade hondurenha, conhecido por Índio. Assinou pelo Elche (Espanha), depois de jogar ao mais alto nível em Évora, tendo chegado mais tarde ao At. de Madrid, clube onde se despediu do futebol na época 1968/69. Realizou 141 jogos na Liga Espanhola, tendo marcado 44 golos. Venceu uma Taça do Rei (1964) e uma Liga Espanhola (1965).
Falé, defesa central, é lembrado pela classe e segurança das suas actuações e pela correcção e lealdade com que disputava os lances. Foi agraciado em virtude do seu comportamento em campo. Integrou o lote de três jogadores convidados pelo Sporting para o jogo de inauguração do Estádio de Alvalade, em Junho de 1956, frente aos brasileiros do Vasco da Gama. É uma das figuras nucleares do clube, sendo actualmente responsável pelo seu espólio museológico e documental.
Teotónio impôs-se no lado direito da defesa, jogando com sobriedade e marcando os adversários de forma consistente. Subia no seu corredor com desenvoltura.
Mitó (Francisco Percheiro) é um dos nomes mais sonantes do Lusitano. Oriundo das camadas jovens, onde se revelou um defesa/médio de indiscutíveis recursos, exibia eficácia e simplicidade de processos. Era o típico jogador que não dava nas vistas, mas cuja ausência era imediatamente sentida. Representou o clube durante 16 anos, transformando-se num exemplo de longevidade.
Madeira era um defesa credenciado, robusto e de elevada estatura, o que lhe permitia destacar-se no jogo aéreo.
Du Fialho actuava a extremo, predominantemente no flanco direito. Era senhor de drible fácil e tecnicamente evoluído.
José da Costa chegou a jogar como avançado antes de se fixar como médio, posição em que se distinguiu pela sua mobilidade e capacidade ofensiva.
Caraça foi um goleador por excelência, reafirmando ao longo de dez anos as potencialidades que já demonstrara na formação do clube. Era um jogador dotado de muita versatilidade, poderoso na disputa dos lances e impiedoso diante da baliza.
O argentino Anselmo Pisa tem um lugar de destaque no historial do clube por ter sido o treinador que o conduziu à I.ª Divisão. Como jogador passou pela Lázio e pelo Inter, duas formações de topo do futebol europeu.
O brasileiro Otto Bumbel foi o treinador que deixou o seu nome associado ao melhor desempenho do Lusitano na I.ª Divisão Nacional.



MODALIDADES AMADORAS/ECLETISMO
No futebol de formação, o Lusitano foi presença constante nas provas regionais e nacionais.
Ao longo de um século, o clube movimentou doze modalidades. De início, só o futebol e o boxe marcavam presença assídua. Depois de 1925, e após a reforma liderada por Napoleão Palma, José Benchimol e seus pares, o clube investiu na ginástica, atletismo, ciclismo, basquetebol e pingue-pongue, tendo conquistado inúmeros troféus, sobretudo a nível regional. Relevo especial para os desportistas Marquez do Funchal (hipismo), Cabeça Ramos (salto à vara) e Henrique Pires, José Afonso, António Afonso e Joaquim Ferro (ciclismo). Pires participou mesmo na primeira Volta a Portugal em Bicicleta (1927).
Mais recentemente, na esgrima, sob a batuta de João Jeremias, o clube reuniu 30 atletas federados, chegando alguns a representar selecções nacionais em Campeonatos da Europa e do Mundo. O motorismo atingiu especial relevância com a realização do Troféu Diana Castro e as 24 Horas de Karting.



NOVO COMPLEXO DESPORTIVO
O novo Complexo Desportivo da Silveirinha, nos arredores de Évora, que inclui o Estádio com capacidade que pode atingir os 10 mil espectadores, foi inaugurado no dia 03/12/2006, com um encontro que opôs as selecções de Portugal e de Cabo Verde. O primeiro jogo oficial realizado no novo palco colocou frente a frente o LGC e o Almancilense.



O LUSITANO DE ÉVORA E O FUTURO
No ano em que comemora 100 anos de existência, o Lusitano extinguiu o futebol sénior. Em declarações ao diário Público (edição on line de 20/10/2011), Manuel Porta, presidente da Direcção, relacionou os problemas financeiros do LGC com a construção do Complexo da Silveirinha.
“É inquestionável – disse - que todo este problema de natureza financeira tem a ver com o ruinoso e devastador negócio imobiliário em que as anteriores direcções colocaram o Lusitano, porque, hoje em dia, o clube não tem património e não tem dinheiro, sobram-lhe as imensas dívidas”.
Porta considerou ainda que o futuro do Lusitano “é uma incógnita”, mas disse estar a trabalhar para tornar o clube viável.
A conjuntura que atravessamos não parece favorecer soluções optimistas, mas o Lusitano dispõe de massa crítica para poder pensar na sua gradual refundação. A sua história de um século ao serviço de Évora e do Alentejo assim o impõe. É esse o desafio para as novas gerações.
Convém recordar que o clube foi agraciado pelo Presidente da República, General Óscar Carmona, em 04/06/1933, com a Comenda da Ordem Militar de Cristo. É também Membro da Ordem do Infante D. Henrique e, desde 27/10/1984, Instituição de Utilidade Pública.


Autor: Carlos Perdigão. 
É natural de Évora e Sócio do Lusitano com o n.º 2070. Vive em Lisboa, onde exerce advocacia. É neto de Napoleão Palma, uma das figuras históricas do clube e irmão de Luis Perdigão, antigo treinador principal. Como jornalista desportivo, colaborou no Mundo Desportivo, Jornal de Notícias e Motor. Foi redactor e Colaborador-Especial do jornal O Benfica e do Benfica Ilustrado. É co-autor de Benfica - 85 Anos de História, Benfica - 90 Anos de Glória e 100 Anos de Lenda (livro do centenário do SLB, edição DN). É autor (texto) do Livro de Ouro do Benfica (ed. DN). Participou na Grande Enciclopédia dedicada aos Europeus de Futebol (ed. DN) e colaborou na colecção Sport Lisboa e Benfica, 100 Gloriosos Anos (ed. A Bola). Este é um trabalho em exclusivo para A Defesa.